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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu ainda não disse que te amo, mas...

Eu demonstro o meu amor quando acaricio de leve seu rosto, quando toco sua pele e em seguida sorrio, com um sorriso bobo e sem jeito.
Eu demonstro o meu amor quando me entristeço com suas lágrimas e me alegro com suas conquistas.
Eu demonstro o meu amor quando em silêncio te abraço e afago seu cabelo com a desculpa de que vai te relaxar.
Eu demonstro o meu amor quando te interrompo em algum filme só pra causar desejo e te ver de um jeito que você sabe que eu adoro.
Eu demonstro o meu amor quando te confesso pecados, pensamentos e atitudes que até quem me conhece profundamente duvidaria serem meus.
Eu demonstro o meu amor quando concordo com você quando me diz que casarões velhos e antigos seriam perfeitos para morar, ainda que eu prefira arquitetura moderna por dentro.
Eu demonstro o meu amor quando escrevo poesias sobre paixão ou qualquer outra coisa, porque você é minha melhor inspiração.
Eu demonstro o meu amor sem palavras, pelo medo das sílabas que você me diria a seguir.
Eu demonstro o meu amor quando penso em você ao contemplar o pôr do sol.
Eu demonstro o meu amor por você, nas entrelinhas dessa poesia.

domingo, 20 de setembro de 2015

Mulher

Nasci e já ganhei uma manta rosa para sair da maternidade. Ao chegar em casa fui recebida numa mistura de festa e pesar, pois é como dizem – mulher sofre na vida; e não é pouco.
Comecei a andar, correr, pular, mas não como eu gostaria. Precisei me comportar. Sentar de pernas fechadas porque é feio menina – ainda que na inocência da infância- mostrar a calcinha.
Ganhei os primeiros brinquedos. Fogão para cozinhar, ferro para passar, pia para lavar as louças e bonecas para cuidar. Diversão acompanhada de obrigação. Eu até disse que prefiro aquela ferrovia elétrica que meu irmão mais velho ganhou ou aquele carrinho que dá corda e ele anda até pelas paredes. Mas me disseram que essas coisas eram coisas de menino. Precisei me comportar. Fingir que preferia o lilás para não usar o rosa, mas amando secretamente o azul.
Cresci com meu cabelo comprido. Acima dos ombros, sempre com algum enfeite que diferenciasse meu sexo, como se cores e formas pudessem ser capazes de me descreverem.
Na adolescência descobri que gosto de meninos. Que tenho desejo aflorado e que gosto de sentir prazer. Mas quando quis experimentar o sexo me acusaram de pecar. Contra a carne. Contra Deus. Contra mim. E apesar de ver o meu irmão recebendo elogios por ter tido a primeira vez ainda cedo, precisei me comportar.
Casei-me virgem. Descobri que gostava de me masturbar. Um dia, meu marido viu e me reprimindo, disse que aquilo era coisa de mulher vagabunda. De vadia. De quem não tem homem em casa. Disse que ele era suficiente para me satisfazer, mesmo sem nunca ter tido um orgasmo sequer com penetração. Uma vez pedi por sexo oral. Perguntou onde eu tinha visto tamanha putaria. Me calei, me fechei. Ele tinha nojo, dava pra perceber. Precisei me comportar.
Eu quis trabalhar. Terminar os estudos e entrar pra faculdade. Mas a igreja diz que não posso evitar filhos, então engravidei pouco tempo depois de casada. Tive um menino – orgulho do pai-, e uma menina – mais uma pra sofrer no mundo.
Minhas funções dobraram. Cuidar de limpeza da casa, roupa, comida, filhos, e a noite estar depilada, mas sem ousadia, para servir o meu marido na cama.
Muitas noites sem dormir direito. Muitos dias extremamente difíceis. Sinais de cansaço em volta dos olhos, na testa, ruga de preocupações, e nos lábios, tristeza que eu tentava esconder, mas que insistiam em aparecer nos borrões do meu batom claro e velho.
Ansiedade, obesidade, cabelo desidratado e dentes começando a doer por falta de cuidado. O tempo era complicado e eu não podia gastar o dinheiro à toa. Eu quis buscar por ajuda, mas minha família disse que uma boa esposa não enche a paciência do marido, afinal ele trabalha, provém a casa, precisa de paz no lar. Precise me comportar.
Não tive outros filhos. Endometriose. Meu marido começou a me maltratar.
O primeiro beijo a gente nunca esquece, o primeiro tapa também não. Nem a primeira marca que a gente tenta esconder com roupas mais densas. Um dia fui a delegacia, mas lá ouvi que a culpa é minha, afinal, eu permiti as agressões e agora devo aguentar. Precisei me comportar.
Ele disse que vai mudar. Eu acreditei. Acreditei inclusive que se eu não fosse tão insuportável não apanharia.
Certa vez percebi sangue quando fui espirrar. Tuberculose. Início de tratamento, conforme investigações descobriram que tenho AIDS. Nunca traí meu marido, nunca compartilhei agulhas e nunca recebi sangue. Foi ele quem me transmitiu. Confessou que pegou na zona que frequentava. Disse que precisou buscar fora o que não tinha em casa.
Ele convive normalmente com a doença. O organismo se adaptou fácil ao coquetel. Tem uma aparência saudável e nesse momento está viajando pro nordeste para aproveitar as férias.
Eu, agora na UTI, respiro com dificuldade, pois meus pulmões já foram tomados pela doença.
Às vezes cochilo por causa da medicação para dor e acordo com vozes a minha volta dizendo:
- Se tivesse se comportado, não estaria aqui entre a vida e a morte.
Então relembro minha infância e me pego gritando pela madrugada após pesadelos recorrentes:
-Me deixe escolher? Eu prefiro o azul...

Sobre amor à primeira vista;

Mesmo contrariando algumas regras impostas por algumas pessoas, rotina é sim, um bem que se vive e que acrescenta ao casal. Claro que pode se tornar cansativo e um tanto quanto sem graça, e pra que isso não ocorra é preciso criatividade. Mas é do cotidiano que nasce o amor.
Não consigo acreditar em pessoas que dizem "eu te amo" no calor de uma emoção , muitas vezes passageira, com pouco tempo de relacionamento, por carência ou descuido. Para amar alguém é preciso conhecer os defeitos e as qualidades. É conseguir achar encanto mesmo quando não há motivos para se encantar. É entender que ninguém é perfeito , inclusive nem a gente mesmo. E sentir que está tudo bem, porque no fundo, a perfeição nos leva à monotonia.
Para amar alguém é preciso aprender a diferença entre se doar e se anular. E entender que o amor não é sinônimo de prisão.
Quem ama não deixa o outro livre, porque sabe que não existe "deixar". Pois quando a liberdade é tomada, o sufoco é inevitável.
Só acredito no amor que acrescenta, e não no que completa, pois do mesmo jeito que flores pela metade não dão origem a frutos, duas pessoas que buscam no outro sua própria identidade só se frustram com expectativas que ela mesmo não conseguiria corresponder.
Por isso o amor não é imediato. Você pode plantar pequenas sementes hoje, regar com carinho e respeito ao longo do tempo, e esperar que a fruta esteja madura para colher, mas entenda, quando colhemos uma fruta antes do tempo , escolhemos saborear algo sem toda a doçura ou consistência, que só dias de sol e noites de sereno podem dar.
O amor pode ser sentido na alegria, mas é provado na tristeza também.
Se pudermos entender que o amor é mais gostoso de sentir à longo prazo, sofreremos menos à vista.
Ninguém constrói nada do dia para noite. Dá trabalho, é preciso ter paciência e sabedoria para lidar com imprevistos. Mas a cada tijolinho colocado, vemos que a beleza do cotidiano se dá no trabalho realizado com paciência por aqueles que estão dispostos a construir algo duradouro e bom. Porém, nada de pular etapas ou apressar as coisas, pois pra que os ventos e tempestades não venham causar danos, é preciso uma base forte, desde o início.
Dorme comigo essa noite 
Distrai o tempo, o vento lá fora que sopra forte
Vista minha pele para se aquecer
Que o outono ainda não acabou,
Mas quando a primavera chegar,
Colha as flores que plantamos,
Desfruta comigo, o perfume da rosa ,
E toda vontade que sinto de você.
Dorme comigo hoje?
Fechei os meus olhos, a chuva havia cessado. Senti seu perfume de leve aos poucos me embriagar. Lembrei daquela taça de vinho que tomamos juntos pela primeira vez. Quando seus lábios encostaram os meus, naquele milésimo de segundo senti como se o tempo tivesse fugido de mim e com ele todo o meu passado. Eu já havia beijado outras vezes. Mas toda vez que você me beija, é sempre como se fosse a primeira vez. Parece que seus lábios são os primeiros que toco, parece que seu sorriso é o primeiro que me ganha. Parece que é a primeira vez que me inspiro, e escrevo pensando num beijo, e é.

Sobre cumplicidade;


Três da tarde de uma terça feira de sol na minha cidade. Aliás, uma tarde bem quente para o mês de setembro. Enquanto espero meu irmão dentro do carro olho impacientemente para o lado de fora do carro e uma cena me prende a atenção.
A principio um senhor de meia idade está abrindo uma pequena vala na calçada de sua casa para um possível reparo. Cansado pelo tempo demonstrado na postura e nas linhas de expressão, escorou numa enxada que usava pra trabalhar. Minutos depois a esposa aparece, na verdade, reaparece, visto que suas vestes já davam alguns sinais de que ela também estava ali trabalhando. Ela, aparentemente um pouco mais velha pega outra enxada e começa aos poucos a juntar o entulho que o esposo retirava do chão.
Naquele momento uma onda de realidade tomou minha mente e pude perceber nessa cena o que é cumplicidade numa relação.
Quando nos relacionamos com alguém uma das coisas mais difíceis é ser cúmplice do outro. Isso porque pensamentos diferentes, cultura, experiências e conhecimentos de ambos são importantes para a relação, embora possam tornar uma relação apimentada, pode também ser fatal devido a essa rotina de desentendimentos. Cumplicidade nesse caso torna-se essencial para poder dar certo. Aquele casal me chamou atenção por vários motivos, mas o que mais me prendeu o olhar foi o fato de estar muito calor, sol forte, e apesar disso, eles precisavam concertar algo e estavam ali, fazendo o que tinha que ser feito. Atitudes são mais importantes que palavras. Juntaram um ao outro num objetivo em comum. Ajudaram-se.
Quantas vezes os casais são prisioneiros do seu próprio egoísmo e orgulho e se perdem por preferirem jogar o relacionamento fora a concertá-lo. Tem medo de que os outros podem pensar a respeito de um perdão dado, mas convivem na amargura do ressentimento. Toda discussão mal resolvida se assemelha com aquela gripe mal curada que acaba virando pneumonia severa. O corpo adoece. O amor falece.
Cumplicidade consiste em olhar pro seu companheiro nos dias difíceis e dizer através do olhar que vai ficar tudo bem. É prestar solidariedade para com o outro. É arriscar a pele apresentando evidencias de alguma situação que não dará certo, e se ainda assim ele errar, olhar com compaixão ao invés de jogar na cara todos os defeitos dele. E acredite, não existe ninguém perfeito. E se você encontrou alguém assim, perfeito, foge, corre, porque ele não é um ser humano.
O casal que é cúmplice um do outro não é juiz ou promotor de suas ações, mas advogam entre si, defendendo um ao outro com suas qualidades e apesar dos seus defeitos, continuam ali.
Portanto, não tenha medo do sol ou da chuva. Se há algo para fazer, faça. Escolha ajudar o outro com o entulho produzido por vocês. Escolha, acima de tudo, ser cúmplice do outro tanto em tardes quentes de setembro quanto em madrugadas frias de julho. Então verá que só após uma longa jornada de trabalho árduo, provará de uma paz merecida chamada amor.

domingo, 23 de agosto de 2015

Sobre amores que arrematam os nós

Liberdade é uma palavra ampla. Linda, por sinal. Mas tentar dar sinônimos pode ser um pouco complexo, já que definindo, damos limites. E talvez esse seja um erro bastante corriqueiro e um tanto quanto imperceptível também.
Quando nos apaixonamos, somos ensinados desde a infância de chamar o outro de "meu" .
Meu amor, meu anjo, meu namorado, meu.
Mas será que sabemos mesmo o limite que o outro precisa?
Relacionamentos sufocados por ciúme desenfreado morrem antes que os sonhos despertem em madrugadas.
Faz com que beijos e abraços se tornem obrigação, e não mais prazer, como era no início da paixão.
Amores que dão certo são os que desatam os nós e deixa a liberdade por si só ser definida através do sentimento, e não os que arrematam com angústia e palpitação as amarras doentias que alguns chamam de amor.

O primeiro beijo

A gente sentou num banquinho,
E a lua estava tão próxima que parecia estar ali só por nossa causa.
Iluminava tudo, pude ver ele se aproximar Enquanto fechava aos poucos os meus olhos e esperava o toque dele nos meus lábios
Quando me beijou, o tempo parou, pelo menos pra nós, sabe?
Era como se estivéssemos sozinhos no espaço do tempo, sem pressa alguma de viver fora daquele instante.

Se apega!

Não se apega não. 
Uma frase bem conhecida por mim e por vários amigos meus, principalmente quando comento que estou conhecendo alguém para me relacionar. Confesso que nunca entendi essa coisa de "lei do desapego" que tem sido lema de vida de tantas pessoas.
Conhecer alguém envolve sentimentos, ainda que imaturos, a não ser que você queira apenas curtir o momento e não sofre por isso.
A maior parte dos relacionamentos começam com grandes expectativas, que em geral nem nós mesmas conseguiríamos superar. Alguns buscam prazer momentâneo ou ainda querem se afastar da solidão. Mas o lance é que quando um não quer, dois não brigam, não amam e muito menos se relacionam. Assim como tudo na vida se relacionar com alguém implica querer e buscar o mesmo objetivo, sem pressa, curtindo cada olhar como se fosse o primeiro.
Claro que já me decepcionei com pessoas que não me corresponderam e sim, foi muito dolorido. Mas eu não sei ser de outra forma a não ser intensa. Me apego sim. E isso significa que me importo com quem está me conhecendo.
De fato possuo cicatrizes, mas quando olho pro passado vejo que as experiências, até as mais ruins, me deixaram madura o suficiente para me apegar sem frescura e se preciso for, desapegar sem tortura.

Escravidão

Começamos a estudar ainda crianças. Somos inseridos no sistema capitalista e aprendemos que o lucro não é vergonhoso só porque explora o outro. Aprendemos a fazer as contas de acordo com os nossos próprios interesses, portanto, a divisão de dois pães para duas pessoas é igual a uma pessoa totalmente saciada e a outra com fome. E tudo bem, a vida é desse jeito mesmo. Dizem...
Ao terminar o Ensino Médio vemos o filho do rico comprar guias do estudante para fazer testes e ver o que quer ser quando crescer e o filho do pobre, se já não abandonou o curso por precisar se dedicar ao trabalho, pensar na possibilidade de uma vida melhor, porque é o que dizem, fazer uma faculdade é ter a possibilidade de uma vida melhor, só esquecem de dizer pra quem é melhor.
Mas ainda assim, quando por milagre, sorte, meritocracia -falácia- algum aluno de classe baixa consegue entrar numa universidade ele se depara com algumas escolhas.
Se dedicar inteiramente aos estudos e passar necessidades porque com a ajuda do governo mal dá pra comer, ou então, se desdobrar entre trabalho e estudo, rotina muitas vezes cansativa que sobrecarregam o indivíduo.
Então vem trabalho. Namoro. Casamento. Filhos. Não necessariamente nessa ordem. Responsabilidades.
Trabalho, pseudo escravo. Mas espera, escravidão já não foi abolida lá com a Princesa Isabel?
Nascemos escravos! O sistema capitalista nos aprisiona na gaiola do consumismo e aqueles que estão dentro, acham estranho quem voa.
Nascemos escravos de uma sociedade racista, preconceituosa, machista, homofóbica, que além de impôr regras ainda querem nos fazer pensar que tudo isso é normal, que a vida é assim.
Nascemos escravos de amarras que é preciso conhecimento e persistência para nos libertar.
Nascemos escravos onde a lei que nos rege diz:
Se vira! O mundo gira e o vacilão roda!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sobre namoro e felicidade.

Namore alguém que tome café com você enquanto desabafa seus problemas mais mesquinhos, ou seus segredos mais inaceitáveis com paciência e carinho.
Namore alguém que divida um pedaço de bolo de festa com você, e que roube brigadeiros da mesa só pra te fazer rir das crianças que agora tem ele como herói.
Namore alguém que não precise de um status em rede social pra se auto afirmar como seu namorado. E que te mande recados via in box mesmo, porque é só você que precisa saber que ele te ama. Mas se quiser que todos saibam, comece pela sua casa, mostre como o amor tem mudado a sua vida em atitudes, porque palavras ainda são só letras combinadas.
Namore alguém que goste da sua companhia. Da sua voz. Do seu talento, seja ele qual for. E que incentive seu sucesso e te deixe sempre livre para ir onde quiser, porque sabe que é pro abraço dele que você sempre volta.
Namore alguém que esteja sempre por perto, ainda que distante fisicamente. E que não exista obstáculos suficiente para tudo simplesmente evaporar, ao invés disso, é preciso ter saudade o bastante para querer estar junto.
Namore alguém que te leve pra tomar sorvete. Que pegue na sua mão sem se importar se isso é um tanto quanto démodé, e que te cause calafrios quando ligar.
Namore alguém que perceba que o amor é um sentimento em construção. Namore alguém que demore o tempo suficiente pra dizer que te ama. Suficiente o bastante pra perceber que é verdadeiro. E que não fale somente pra te levar mais fácil pra cama.
Mas se preferir, não namore.
Não rotule seus sentimentos. Ainda que você queira, e muito, desejar um 'Feliz dia dos Namorados' , entenda que um abraço pode valer muito mais do que apenas uma data comercial.
Acima de tudo, ame, à princípio, você mesmo, se complete, se queira bem, para depois poder compartilhar seus pedaços de bolo sem medo de se sujar com o glacê, porque pra um relacionamento dar certo, é preciso se lambuzar de coragem e de muito amor. 

Não precisa mudar.

Você não precisaria buscar a lua ou as estrelas e me trazer sorrindo, era só me fazer sorrir dizendo que não poderíamos apontar o céu senão não teríamos sorte na vida, ou qualquer outra superstição em que você acreditasse. 
Não precisaria ler o horóscopo do meu signo diariamente para saber como seria meu dia, poderia apenas me ligar que mesmo com tantas dificuldades, só por ter ouvido a sua voz já seria o suficiente pra torná-lo bom.
Você não teria que me levar a restaurantes caros, eu me satisfaria comendo um sanduíche feito por nós dois num sábado chuvoso. 
Não precisaria me dedicar uma serenata de amor com direito a rosas vermelhas e canções que marcaram nossas vidas, eu ficaria feliz ouvindo essas canções com você pelo celular enquanto nos beijamos no sofá.

O ruivo

O moço da barba ruiva
tinha os olhos que transmitiam luz
boca que parecia cereja
madura, pronta para colher.
Naquele dia o céu estava cinza
e uma chuva fria caía sem pressa
e eu naquela fila só pensava
no sabor que tinha aqueles lábios.
Quando sorriu o sol saiu dentre as nuvens
e veio aquecer num suspiro
o pensamento que me ocorreu tão breve
'Jamais vou rever aqueles olhos'
E desde então o procuro nos meus sonhos
que é de onde ele jamais saiu.

Fragmentos 1

Aquela noite era fria e nós, sentados num banco qualquer de uma praça, admirávamos a lua que fazia questão de se exibir para nós. Imponente no céu, clareava o universo que até então era nosso. Via a tua face e teu sorriso me convencia de que a eternidade cabia em nossos corpos, quando eram um.
Hoje, observo no céu a mesma lua e perco o rumo de onde fica a sua constelação preferida, porque você se foi e levou contigo, metade da eternidade que planejei para mim.

As cartas que nunca entreguei I

Não sei se posso ainda te chamar de meu amor, pois tenho dúvidas se você foi mesmo meu, um dia. Mas posso escrever algumas palavras (não muitas por causa dos meus dias corridos) que discretamente me remetem a você, já que hoje é seu aniversário.
Senti saudade quando tudo acabou. Por dias, meses, sentia que metade de mim ficou com você quando vim embora. Sentia que minhas lágrimas já não eram suficientes para jogar para fora toda a tristeza que estava dentro de mim. Meus olhos, mergulhados numa profunda melancolia não eram mais capazes de enxergar a vida com o mesmo colorido que eu via antes de ter amado você.
Eu podia jurar que ficaríamos juntos até a morte. Que nos amaríamos a cada nascer do sol e nos esperaríamos anciosos até o fim do trabalho para contar como foi o dia sob nossas perspectivas. Eu amava tudo em você. Seus olhos pequenos, sua boca desenhada. Amava, inclusive, seus defeitos. E até aquela sua mania de deixar a TV ligada enquanto tomava banho.
Você ainda lembra da minha cor favorita? Você ainda lembra da minha canção preferida?
Te contei as cores, as flores e todas as minhas dores embutidas em notas musicais que você conseguia amenizar quando tocava seu violão e cantava pra mim.
Você me presenteou com uma orquídea lilás, e com a sua ausência. Na despedida, pedi que cuidasse dela por mim, e você disse:
- Só até você voltar.
Me deu o último beijo, e desde então nunca mais nos vimos.
A flor murchou e morreu, assim como o nosso amor, mas a lembrança da lua clareando seus olhos, ainda não morreu.

Sobre amores de domingo que se vão na segunda feira.

Domingo é dia calmo. Dia de almoçar tarde e pecar de preguiça depois na rede. É dia de sorvete com brigadeiro, de macarrão com molho e de programas de tv que exibe sensacionalismo pra obter audiência enquanto as pessoas nem prestam atenção no que se é dito.
Domingo é aquela preguiça seguida de um sono breve porém intenso, desses que a gente acorda e não sabe se já é outro dia.
Domingo é a certeza de que todo fim tem um lado bom, por mais sacrificante que venha a ser a segunda feira. Enquanto tentamos aproveitar cada minuto dos nossos domingos, pedimos a Deus para que a segunda, enfim, termine logo.
E sabe porque muitas vezes pedimos isso?
Porque segunda feira representa realidade.
Começo de luta, de rotina. E claro, que muitos amores que passam pela nossa vida não resistem à tanto.
Porém se o casal quer ter uma vida em comum, precisa, além de uma rede pra deitar aos domingos despreocupados com horário, saber que pela manhã, na segunda feira, existe uma longa estrada que espera por eles, e essa estrada muitas vezes é cheia de obstáculos, de buracos, curvas acentuadas e retas cansativas. O que precisa, é, acima de tudo, haver certa cumplicidade com o que se tem. Amor vem com o tempo. Vem com construção de pontes sobre orgulho. Sem atalhos de infidelidade. Sem indiferença nas retas. Amor vem com freios nas curvas que são perigosas. Amor vem com tempo que se gasta compreendendo o outro, sem deixar de pensar em si, porque não é preciso cobrar compreensão do outro.
Amor é escolha pra semana inteira. De domingos de paz à segunda de guerra, de sábados de festa à terça de rotina.

Poema da sua falta

Dos amores que vivi
Tu fostes o mais breve
O mais insano e de repente
O mais triste também.
Te amei por completo
E intensa que fui
Abracei tua alma
E perdi a minha na escuridão
Da nossa despedida.

Sobre amores que arrematam os nós

Liberdade é uma palavra ampla. Linda, por sinal. Mas tentar dar sinônimos pode ser um pouco complexo, já que definindo, damos limites. E talvez esse seja um erro bastante corriqueiro e um tanto quanto imperceptível também.
Quando nos apaixonamos, somos ensinados desde a infância de chamar o outro de "meu" .
Meu amor, meu anjo, meu namorado, meu.
Mas será que sabemos mesmo o limite que o outro precisa?
Relacionamentos sufocados por ciúme desenfreado morrem antes que os sonhos despertem em madrugadas.
Faz com que beijos e abraços se tornem obrigação, e não mais prazer, como era no início da paixão.
Amores que dão certo são os que desatam os nós e deixa a liberdade por si só ser definida através do sentimento, e não os que arrematam com angústia e palpitação as amarras doentias que alguns chamam de amor.

sábado, 23 de maio de 2015

Conto de Maio

Eu o vi de longe na rua  e cheguei mais perto pra cumprimentar, um beijo no rosto, quase canto de boca, desses em que a gente não sabe se devora os lábios ou espera um pouco mais.
Ele  pegou na minha cintura e conseguiu com que eu aceitasse um vinho mais a noite, na sua casa.
O táxi parou em frente ao endereço que dei  às 22 horas. Toquei o interfone e logo o portão se abriu pra que eu entrasse.
Na porta da sala, me esperava, já com duas taças de vinho na mão e um sorriso que me ganha no rosto. Sorriso safado, ao mesmo tempo ingênuo, esse que só ele sabe dar.
Outro beijo recebido no canto dos lábios, dessa vez, seguido de um longo abraço.
Peguei a taça de vinho tinto e comecei a tomar aos poucos, e quando ele chegou perto, o calor tomou conta da sala...
Beijou meus lábios com vontade. Despiu minha roupa lentamente, e com toda delicadeza beijou meu corpo inteiro!
A sala era confortável, um sofá grande com duas poltronas de lado. Já excitado, sentou na poltrona e abriu o zíper da calça pra nos divertirmos. Ajoelhei e enquanto me deliciava com seu membro inteiro pra fora, deslizei minha língua em movimentos em volta daquele sexo duro e quente. Coloquei-o inteiramente na minha boca, do jeito que eu sabia que ele gostava.
Olhava com desejo incontrolável pro rosto dele, e vi que aquela noite seria inesquecível. E foi.
Depois de me abraçar e me arrancar o fôlego, me colocou com os joelhos em cima do assento daquela poltrona e me penetrou intensamente. Calmamente. Acabei delirando de prazer. Me virou e me chupou, lambeu, beijou, degustou cada parte do meu corpo, que já se confundia com o dele.
Sentou na beiradinha da poltrona e me colocou de frente, e enquanto sugava meus seios, forçava num abraço a total conexão entre nós.
Fomos para o chão, Deitamos um no corpo do outro e fomos um por algumas vezes, até a nossa exaustão. Tomamos mais um pouco de vinho.
Acordei com a sensação de cada detalhe ter sido real. Procurei os vestígios dele na minha cama e tudo que eu encontrei foi apenas um lençol revirado.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Eu não preciso que você diga que me ama

Eu não preciso que você diga que me ama
Só preciso que segure a minha mão ao atravessar a rua.
Eu não preciso de declarações em versos
Mas quero que fique ao meu lado quando eu tiver medo.
E quero que me faça sorrir quando eu estiver triste,
E quero que você me dê mil abraços
só pra eu não sentir frio no inverno.
E no verão, preciso que me acompanhe a praia
só pra rir de mim por que eu tenho medo do mar.
Eu não preciso que você diga que me ama,
Só preciso que olhe nos meus olhos enquanto falamos de literatura,
e me conte todos os seus segredos mais escondidos
e que segure a gargalhada quando eu te contar que gosto de desenho animado.
Eu preciso ir ao cinema com você,
e rir de filmes de tragédia ruins,
e chorar com comédia romântica,
sem que você me censure por sentir demais.
Eu preciso que entenda minha tpm,
e me dê muito chocolate de presente,
e muito carinho depois que fizermos amor,
aí então eu vou saber que você me ama.

domingo, 17 de maio de 2015

Dizem por aí

Eu tranquei o meu coração com mil cadeados e joguei a chave de todos eles ao mar. Já não vejo o brilho nos olhos diante do espelho, e não acho graça em músicas com letra e melodia romântica. Comecei a escrever sobre a vida, e sobre como é estar acompanhada da solidão. Eu já não tenho taquicardia ao ouvir meu celular vibrando com alguma mensagem, nem vibro mais com ligações inesperadas. Camões passou a não fazer sentido. Já a teoria da relatividade sim.
Não esqueço panela no fogo, nem adoço em excesso os cafés que eu preparo. Dizem por aí que quando um amor chegar, vou esquecer do sal no arroz, porque estarei com o pensamento distante. Que vou escrever sobre saudade, que meus olhos vão parecer duas janelas com vista para um campo de tulipas em plena primavera. Que vou desenhar corações por onde eu passar, e dentro dele as iniciais que poderiam ser impressas num convite de casamento.
Dizem por aí que quando eu me apaixonar vou querer ouvir Endles Love com Lionel até o fim. Que vou me tornar tão romântica a ponto de achar lindo quem faz uma serenata de amor e em seguida entrega rosas vermelhas. Dizem por aí que se um dia, um grande amor me encontrar, estará com as mil chaves em suas mãos para abrir cada cadeado que hoje está em meu coração.
Dizem por aí.

Poesia da saudade

A doçura dos teus beijos
que se compara com o mel
quando me deixa é fel
se esvaindo pelos vãos dos dedos.

O calor do seu abraço
me desloca sem me afogar
me suporta sem sufocar
e queima o meu espaço.

A carícia que me causa
é o fogo que me inflama
e a água que me esparrama
o desejo que me enlaça.

Amores fantasmas

Você esteve aqui durante décadas
e talvez eu te ame pelo resto da minha vida ainda,
porque acredite, eu ainda me lembro do gosto do seu beijo.
E do seu toque quando estava frio
e eu me abrigava no seu abraço.
Eu achava que aquelas noites seriam eternas
e de certa forma, estão dentro de mim eternizadas na minha memória.
Cada beijo, cada olhar, cada sorriso
Cada passo escondido dado no teu quarto em segredo
Cada segredo só nosso, guardado pra sempre em meu coração.
E sim, seu fantasma ainda está dentro do meu guarda roupa, e todas as noites antes de dormir, te procuro e você está lá.

A singularidade do amor

Eu quero a singularidade do amor
e a pluralidade de um sorriso bobo no segundo que antecede o beijo;
Eu quero andar de mãos dadas
e tirar fotos bobas com caretas só pra recordar depois;
Eu quero um almoço de família aos domingos
e revesar entre carinhos e beijos a semana inteira;
Eu quero não ter que sentir ciúmes
e sentir que não preciso querer você pra mim
porque você já se sente meu;
Eu quero escrever na sua vida uma prosa indefinida
e recitar poesias que me inspiram você.
Eu quero a tranquilidade de um domingo a tarde debaixo das cobertas fazendo amor com você;
Eu quero a paz de poder te dizer que te amo sem me preocupar se ainda é cedo;
Eu quero a amizade colorida nos seus sonhos mais íntimos;
Eu quero o namoro mais formal e tradicional dos nossos tempos;
Eu quero a música que vou cantar no dia em que você me inspirar. 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Sobre o amor e relacionamento.

O amor suporta a distância. Suporta as infantilidades de brigas que só acontecem por mensagens mal interpretadas. Suporta os segundos de silêncio quando o assunto por telefone simplesmente acaba.
Poderíamos falar do tempo, da falta da chuva, mas às vezes, eu gosto de ficar ouvindo a sua respiração do outro lado, fechando os olhos e tentando lembrar de cada detalhe do seu rosto.
O amor suporta as noites sem conexão de internet. Suporta a falta que faz de uma conversa só pra saber como foi aquele dia. Suporta ouvir uma música e chorar de saudade, e saber que essa saudade é tão estranha quanto o amor, que quando nasce, já é intenso.
O amor suporta o orgulho. Esse monstrinho besta que fica buzinando no ouvido que não vai chamar pra conversar só porque brigamos na tarde passada. Suporta os desencontros e as mágoas que deixamos de perceber e achamos que está tudo bem.
O amor suporta o nó na garganta que dá quando pensamos que está tudo acabado, os projetos em comum, leituras e discussões sobre assuntos que temos em comum e que nos fazem parecer estar perto demais pra simplesmente desistir.
O amor suporta crises de tpm. Crises de existência. De carência. De solidão acompanhada.
O amor suporta os gostos musicais diferenciados. Pensamentos sobre religião. Diversidade cultural.
O amor suporta os erros grosseiros de gramática, de ortografia. 
O amor tudo suporta, porque no fundo, ele está em construção e estará sempre em constante mutação. Procura corrigir as falhas, porque é com os erros que se dá o acerto. E é escolhendo amar que se aprende o amor. É suportando na certeza de que os frutos que estamos plantando será suculento quando estiver maduro. 
E até que isso aconteça, resta apenas ter coragem suficiente para não desistir no primeiro impasse.
É saber que mesmo com tantas imperfeições, vai valer a pena.
E como esperar calmaria entre duas pessoas que se amam já que o amor é perfeito e o ser humano não é?

terça-feira, 12 de maio de 2015

Eu não te prometo promessas

Eu não te prometo dias de sorriso e de paz,
mas juro que tentarei te dar um abraço no pôr do sol, enquanto houver tarde.
E ao acordar, vou estar com o cabelo desarrumado, sem o meu batom, mas com o coração cheio de paciência pra suportar a nossa rotina.
Eu não te prometo flores espalhadas na cama, ou uma bandeja de café da manhã todos os dias,
mas eu juro, vou tentar me derramar junto com um bom vinho que você degustar em nossas noites.
Eu não te prometo um poema por dia,
mas é claro que vou me inspirar em você pra escrever,
algumas palavras de amor,
saudade,
desejo,
solidão
e paz.
Eu não te prometo uma paixão avassaladora,
mas te quero tão perto
a ponto de confundir sua imagem com a minha,
a ponto de chegar ao mesmo tempo perto do abismo,
que nós chamamos de orgasmo.
Eu não te prometo fazer tanta promessa
mas prometo te beijar sempre que eu sentir vontade
e te amar mesmo quando você não merecer
e te desejar mesmo quando você envelhecer
e te cuidar quando você adoecer
e dormir contigo até quando eu tiver insônia
só pra escutar a leveza da sua respiração.

sábado, 9 de maio de 2015

A doçura dos teus beijos

A doçura dos teus beijos
que se compara com o mel
quando me deixa, é fel
se esvaindo quando não o vejo.

O calor do teu abraço
me desloca sem me afogar
me suporta sem sufocar
e queima o meu espaço.

A carícia que me causa
é o fogo que me inflama
e a água que esparrama
o desejo que me enlaça.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Sobre a sexualidade

Apesar da sexualidade humana estar sendo tratada por alguns estudiosos como algo que vai além do físico, com a finalidade de reprodução, falar sobre esse assunto no contexto da nossa sociedade ainda é um tabu , visto que poucas pessoas se abrem para uma análise  isenta de achismos íntimos e religião.
A sexualidade quando tratada como imposição do religioso ou do que é considerado certo e o que é errado de acordo com a ética da maioria das pessoas , causa preconceitos em relação aos que ousam ser diferentes dos demais.
Pensando nisso, desconstrua o sexo. Isole-o de sua religião e de seus códigos de ética e moral dados ainda na infância. Pense como algo natural não somente em relação à reprodução, mas para experiência própria de cada indivíduo, intimamente ligado à emoção de cada um.
Tente pensar na mulher com liberdade sexual igual ao do homem. Poder ser livre o bastante para ter prazer com seu próprio corpo ao invés de pedir permissão a alguém para que possa atingir orgasmo, pois é isso que acontece, mulher tem que pedir pra gozar! Sendo o sexo casual, ou com o namorado, ou com o marido, pra cada situação tem uma classificação que a sociedade dá, de mulher fácil a mulher que serve pra casar.
Tente pensar em gêneros agora. No homem ou mulher homo/bissexual  que ama da mesma forma que um hétero, ou da mesma forma que um hétero também só queira prazer físico.
Pense em como você tem sido preconceituoso com as pessoas que não são obrigadas a seguir o mesmo padrão de vida que você. E que de forma alguma são melhores ou piores apenas por conta de sua prática ou orientação sexual.
Retire todo conceito do que a vida inteira ensinaram pra você, e analise de fato, porque você discrimina mulheres por causa de sua roupa, que se empoderam livres, e lutam pelos mesmos direitos que o homem sempre teve na nossa sociedade, encorajadas na maioria das vezes, depois de um estupro ou assédio. Ainda são poucas que possuem essa coragem.
Reflita o que de fato existe de ruim nas pessoas que não são obrigadas a gostar do que você gosta. Você não pode obrigar ninguém a seguir a sua religião. Não pode impor as pessoas o que você pensa e faz ( ou finge que faz) só pra ser aceito numa sociedade que condena ainda, o seu semelhante.
Se o amor que a sua religião tanto prega fosse visto em você, viveríamos bem mais preocupados com o alimento que falta pro nosso irmão do que com o tipo de relação sexual que alguém gosta para atingir orgasmo.
Se a ética que você tanto preza fosse eficaz, teríamos menos assassinos e ladrões do que o índice assustador do noticiário da tarde diz.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

(Des)encontro

Estou dentro de um ônibus em movimento rumo à minha cidade natal. A estrada, sem querer ser muito clichê, representa o tempo, o ônibus a minha vida e eu, minha consciência. A estrada está ficando cada vez mais pra trás, e eu continuo minha viagem enquanto algumas pessoas passam por mim. Alguns permanecem por tão pouco tempo que mal posso vê-los no horizonte mais, outros, aproveitam a pista dupla e ficam ao meu lado. E outros ainda, ficam para trás, estes porém, estão fora do alcance da minha visão. Certamente se eu procurar o que se foi, perco o rumo, a direção, o sentido e inevitavelmente provocarei dores e acidentes fatais em quem está ao meu lado.
Portanto, continuo olhando pra frente, fazendo com que minhas escolhas sejam parte efetiva da minha estrada. Sabendo que, quando olho para o lado encontro companhia e para frente ganho experiência, deixo meu retrovisor apenas para retocar meu batom.

Teu contorno

O contorno dos seus lábios encontrando as curvas do meu corpo,
tão afoito, sedento de um alento que eu não posso explicar,
me embriaga e me deixa tão vaga, nessa nossa saga que é o viver.
E aos poucos te pergunto os meus porquês e sem resposta, continuo curiosa...
Essa sua boca macia, de cor avermelhada me dizia, que não era você que eu queria esquecer.
Ao contrário, quero lembrar de cada curva que percorrermos, de cada linha que distorcemos, de cada distância que encurtamos, das roupas que tiramos, dos medos que mostramos, dos defeitos que escondemos...e revelamos aos poucos, como as cinzas que caem de um cigarro aceso.

Rotina...

Na rotina dos seus beijos e no afago do teu abraço, eu me embriago e me calo, me silencio com teu cheiro...
Cada segundo ao teu lado, não me cansa, me sara dessa solidão que há tempo se faz minha parceira...
E ao ouvir sua voz, e observar cada detalhe do seu rosto, percebo que a vida e as estrelas dançaram quando te encontrei...
Eu quero voar nas asas dos seus sonhos mais lúcidos
Me confundir com a tua pele, me envolver em teu segredo
Me lambuzar dos seus amores, saborear os seus desejos
Escrever com meus lábios toda nossa história em teu corpo
E me perder quando você dobrar minha esquina
Minha quinas, minhas curvas.
Na rotina dos seus beijos eu não quero e nem vou me enjoar
Eu não posso e nem quero mais ninguém
Que não seja você.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Aquela sua barba mal feita...

Saudade do seu abraço
ainda que raso
me transbordou por inteira
Saudade do seu leve toque
da sua barba mal feita
do seu sorriso escondido
que eu insisto em querer causar.
Saudade de ouvir a sua voz
e o som da sua respiração
de colher flores no teu jardim
te roubar inteiro, te querer pra mim
te ouvir em canções que eu ainda não compus
te ler em poesias que ainda vou escrever
te rimar em prosa 
te descrever em crônicas
e ler contigo depois
toda nossa história de amor. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Brevidade.

Se te falta tempo para perceber
te dou quantos segundos precisar
e alguns minutos para sentir
mas não pense tanto no tempo
pense somente no que temos
um ao outro, uma folha em branco
pra desenhar, pintar ou escrever
mas não me faça refrear, esconder
porque o relógio passa rápido
amanhã já chega e você nem vê
que o que falta em mim é você.

O moço da poesia.

O doce que me corrói do açúcar
não é o mesmo do doce dos seus beijos
que ainda não provei mas me assusta
me faz insana, e me busca
de alguém que outrora buscou no mar
as chaves dos meus cadeados.
O que me corrói é a saudade astuta
que me castiga, me insulta e eu juro
que mesmo sendo assim tão inseguro
meu coração bate mais rápido por você.
A angústia da falta da sua presença
não é a mesma que eu tinha antes de te ver
mas tem a mesma intensidade
de quando me ligou pela primeira vez.
Um dia você subiu aquelas escadas
enquanto eu me preocupava em descer.
Quando te vi, me perdi, e acabei perdendo você
mas por sorte a minha, nesse mundo tão pequeno
reconheci os teus olhos e sorri para você me reconhecer.
A eternidade coube naquela mesa
aquela multidão na verdade nem estava ali
eu que tanto queria da vida uma surpresa
acabei por acreditar que o acaso
foi pelo destino mandado
naquela estação de metrô lotada
em que nossos caminhos cruzaram
e nunca mais eu conseguir te esquecer.
Vi em teus olhos o que procurava
vi em tua voz o meu melhor silêncio
ainda quando não  me dizia nada
eu queria era ficar ali.
Por uma noite, pela madrugada,
eu te ouviria falando de poesia
de literatura ou de romance
só pra ter uma vaga lembrança
do moço dos meus poemas
que faz da minha rima, eterna criança.

sábado, 18 de abril de 2015

Do 0

Eu realmente gosto dos seus olhos. E do contorno dos seus lábios e de como eu gostaria que eles contornassem meu corpo.
Gosto da forma das suas mãos e da forma como gostaria que elas me tocassem.
Gosto da sua voz, e imagino te ouvir sussurrando como um vento suave na copa da árvore nas tardes de outono.
Mas acima de tudo, gosto quando você me causa sorrisos, me deixa nervosa e me dá esperança de que ainda existe razão para recomeçar.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Eu sou?

Eu sou a moça que escreve
que sente, que vive e se vira
pra vencer o dia a dia
cheio de lutas e contradições.
Eu sou o brilho nos olhos da criança na infância
que quando vê aquele brinquedo, se encanta
e não descansa até que consiga brincar.
Eu sou o fardo nas costas do operário
que parece um otário
quando dá lucro em troca de pão
enquanto se humilha para o patrão.
Eu sou aquele frio na barriga da moça
quando encontra o rapaz e sente
que não é correspondida
e se estraga de tanto ouvir música sofrida.
Eu sou a rima das poesias
e as contradições das prosas
que se confundem noite e dia.
Eu sou a reticência da nossa história
a vírgula de tantas outras
e a interrogação da sua memória.
Eu sou a regra ortográfica
que você sempre esquece de usar.
Eu sou o ônibus que você perdeu
enquanto ficava no celular.


quarta-feira, 15 de abril de 2015

A nossa sinfonia.

Prometo te beijar sempre que puder
Mesmo nas manhãs em que eu acordar primeiro
e achar que que está frio demais pra levantar
prometo te amar antes de ir trabalhar.
E antes de sair pela porta a fora,
e também quando voltar.
Eu prometo te olhar com carinho
ainda que eu em mente eu esteja te despindo
prometo sempre te escutar.
Prometo não adoçar tanto o café
não queimar o arroz
nem deixar teu coração esfriar.
E quando as coisas ficarem difíceis
prometo te acariciar a alma
e tentar achar algum motivo
que me levasse a te amar
e resgatar.
Prometo te escrever poesias
te desenhar com os lábios
te decifrar com minhas mãos
para compor a nossa sinfonia.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Moço, vem aqui perto de mim.

Deita aqui no meu colo, deixa eu te fazer um afago...
Não precisa prestar atenção no filme, você sabe de cor e sabe também que colore meus dias.
Não tenha pressa de sair daqui. Aliás, gosto da sua companhia e faria carinho em você por muito tempo se me deixasse.
Se deixar posso passar um café. Mas tem chocolate se não quiser cafeína a noite. Posso abrir um vinho se preferir, só não quero abrir mão de você na minha vida.
Tem iogurte na geladeira caso queira ficar até o sol nascer. Você sabe o caminho até a cozinha e sabe como me conduzir também.
Deixa eu acariciar sua face, bagunçar seu cabelo da mesma forma que bagunçou a minha vida. E que bom que você bagunça, ela já estava certinha demais.
Me ensina sobre música, que eu canto poesia.
Me ensina sobre rimas, que eu faço em prosa o amor que quero com você.
A vida é tão curta, e eu não sei ser de outra forma que não seja intensa. Mas se você me achar muito densa, pode me diluir com realidade. Só não joga um balde de água fria nos meus desejos.
Eu poderia te escrever bilhetes toda vez que sair pra trabalhar. Poderia te desejar sorte, e estar com você mesmo estando no mais completo azar. De toda forma, eu só queria estar.
Deixe-me te ver sorrir um pouco, como uma criança que vê seu desenho favorito. Eu quero ser a personagem principal da sua história, e vou avisando que não faço papel de coadjuvante.
Me ensina o que você gosta de ouvir. Me ensina o que você gosta de comer. Devora aos poucos comigo essa folha ainda em branco que temos para preencher.
Me ensina o que você também quer aprender. Me ama, e me ensina a amar você.

domingo, 5 de abril de 2015

Domingo é dia de amar.

É outono e começa a fazer frio. E em dias como hoje, sinto falta também de alguém por perto. 
Alguém pra chamar de amor, de paixão, de bebê ou qualquer outro apelido brega. Alguém pra chamar de meu. E que de fato, seja mesmo. Alguém que leia meus textos e entenda minha liberdade. Alguém que também escreva e me manda suas próprias palavras ao invés de copiar de sites aleatórios de frases românticas. 
Alguém que me surpreenda, mas que não me deixe com medo. 
Que entenda que gosto de flores, mas gosto mais de chocolates.
Que gosto de ursos de pelúcia, mas prefiro um bom perfume.
Alguém que não se sinta obrigado em dar presentes no dia dos namorados. 
Que se sinta a vontade pra ficar em silêncio comigo, mesmo quando parece que tem um milhão de pensamentos pairando pelo ar. 
Alguém que me olhe com desejo mesmo quando eu acabar de acordar e for preparar o café da manhã.
Alguém que me ame, independente dos dias de chuva ou de sol. 
Que seja acima de tudo meu melhor amigo, e que tenha prazer de ser o meu amor.
Alguém que me traga paz, mas que faça meu coração bater mais forte quando o telefone tocar.
Alguém que não faça promessas. Que não cobre nada além do que pode me dar. Que consiga enxergar a minha alma, e que veja sempre nos meus olhos cada desejo oculto de mulher.
Eu sinto falta é da insônia que o amor causa. Sinto falta de almoços de domingo em família e aconchego a dois a tarde inteira, em tardes como essa, porque todo domingo deveria ser considerado, o dia perfeito para amar.

sábado, 4 de abril de 2015

Prometo.

Eu não te prometo amor eterno
mas prometo eternizar tudo que puder pra você
Eu não te prometo dias fáceis
mas prometo colorir momentos que estiverem cinzas
Eu não te prometo dias quentes
mas te prometo climas sinceros
Eu não te prometo uma poesia por dia
mas prometo me apaixonar todas as vezes
que nos olharmos
nos amarmos
nos tocarmos
nos falarmos.
Eu não te prometo canções exclusivas
mas prometo sempre te ouvir
e prometo ser sua amiga
além de sempre cumprir
meu desejo sempre por ti.

Conto do mês de abril

(...)Estava frio naquela tarde de abril e eu não costumo carregar guarda chuva comigo, e no meio do temporal, vi de longe um antigo colega de escola que há muito tempo não via ou conversava. Gentilmente ele me convidou para me abrigar no seu carro e eu, sem pensar duas vezes, aceitei.
Apesar do frio, entrei no carro com o decote molhado e não me incomodei à princípio. Mas quando cada gota começou a arrepiar cada centímetro do meu colo, percebi que algo estava errado, eu não estava prestando atenção no frio, mas no olhar dele.Ele fixou os olhos no meu decote, olhar de quem está sedento, faminto em saciar um desejo que estava há muito tempo contido. Pediu pra me secar, mas sem toalhas por perto, tirou a própria blusa para que, segundo ele,  eu não pegasse uma gripe daquelas...
Esqueci o temporal que estava caindo lá fora e comecei a reparar o quanto ele havia se tornado atraente. Como eu nunca havia reparado naquela boca? Ou no peito que me convidava a deitar e viver tudo que eu tinha vontade?
De fato, ele deve ter pensado a mesma coisa enquanto me ajudava com minhas roupas molhadas ao perceber que não eram somente minha pele que estava úmida. Eu queimava de desejo, e ele sabia disso enquanto me provocava encostando os lábios de leve no meu pescoço. Quando encarou meus lábios e eu comecei a sentir seu hálito quente, percebi que a chuva seria testemunha de uma explosão que estava marcada pra acontecer naquela hora. 
Nos segundos que antecederam ao nosso primeiro beijo, vi que em volta do carro estava tão escuro e que a rua era tão deserta que nós poderíamos nos entregar ali mesmo sem correr riscos de represália. E nos entregamos, pouco a pouco, intensamente e com toda calma que o nosso momento pedia. 
Tocou meu rosto e encostou os lábios nos meus, me beijou como se aquele beijo fosse a coisa mais importante que aconteceria na vida dele nos próximos anos.Me abraçou como se nunca mais quisesse me deixar ir embora. Enquanto me beijava lentamente, segurava minha nuca e mexia no meu corpo como alguém que mexe num cofre para descobrir os segredos. Descobriu os pontos que me deixavam vulnerável, e aproveitou para se tornar alvo das minhas melhores lembranças.
Tocou meus seios, beijou-os inteiros e sem pudor, beijou todo o resto do meu corpo. Me fez perder o fôlego e recompor várias vezes, e parecia que ele realmente me queria daquela forma, louca, quase insana, para retribuir da mesma forma o prazer que ele me dera.
E eu retribui. Com a mesma vontade de quem degusta um chocolate suíço, com a mesma intensidade de quem sente no toque a pele queimar de desejo e não quer esfriar. Pulamos para o banco de trás do carro, e ele me fez cavalgar em seu colo e saciar o meu fetiche contido. Tudo era tão proibido, e tão errado, que eu mal sabia ao certo quem eu era ali naquele momento. Ele sugava meu néctar pelos poros enquanto nos movimentávamos numa sincronia perfeita. Parecia que ele queria marcar minha pele de tanto que a mordia, como um lobo voraz me devorava, apertando minha cintura para baixo, em busca de mais contato íntimo. Não contive os gemidos, nem os sussurros enquanto me me segurava com força. Ele também não se conteve, e juntos, chegamos ao ápice do prazer. 
Depois de nos descobrirmos como homem e mulher, cobrimos nossos corpos que já estavam nus com nosso calor e nos demos conta de que já era noite e a chuva havia cessado.
Agora ele havia se tornado parte da minha vida. Instante inesquecível da minha história.
Nos despedimos e com muita gentileza, me deixou em casa, combinamos de marcar um outro encontro, mas assim como o destino o colocou ali para me abrigar da chuva, nunca mais me abriguei nos braços daquele homem.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

O amor e o imediatismo

Não consigo entender quem diz "eu te amo" pra alguém que conhece a pouco tempo. Nem acredito em amor a primeira vista. Atração até que me convence, mas amor ... Amor é diferente.
Num mundo imediatista, construir um relacionamento amoroso fica mais raro. Tudo é muito claro hoje, ou você se adéqua a mim, ou te troco pelo primeiro que fizer minhas vontades.
O amor precisa de paciência. Precisa ser construído através do tempo e de atitudes tomadas em consequência de atos. Precisa de convivência! Não se ama somente num fim de semana cheio de horas preenchidas com sexo e carinho. Ama-se também na segunda-feira brava depois do trabalho cheio de stress que vão te fazer querer virar pro canto e dormir ao invés de transar, porque sabe-se, que mesmo ali, no mal humor provocado do cansaço, um massagem nos pés e um olhar carinhoso vale tanto quanto orgasmos.
O amor é sentido em toques, silêncios, gritos e sussurros. Palavras são boas de ouvir, claro. Declarações de amor em cartões no dia dos namorados, cartas apaixonadas, bilhetes e sms de madrugada fazem sorrir. Mas sentir que é amada, considerada, querida, são coisas que vêm em silêncio. Um abraço numa noite com frio pode me fazer sentir protegida de todos os males da vida. Um carinho no rosto, um afago nos cabelos, andar de mãos dadas...Isso é bom.
São momentos que não são fotografados para serem postados em redes sociais. São coisas que acontecem dentro de um universo único. E coisas assim, não são conquistadas em semanas. São sentimentos construídos ano após ano. Enfrentando verões de pura paixão e invernos de solidão e crises. Mas como tudo na vida, essas estações passam, deixando a raiz, numa terra fértil e bem regada, florescer novamente e ser forte o suficiente pra enfrentar durante uma vida inteira, todos os benefícios que o amor pode causar, inclusive a felicidade.
Dá trabalho...ás vezes da vontade de desistir, e viver com essa geração a era do "agora" . Mas sim, eu ainda sonho em conhecer alguém pra vida inteira, que passe finais de semana encantadores ao meu lado, e que esteja ao meu lado nas segundas feiras pra me dizer que vai ficar tudo bem.

Você

Quando a saudade dói
Você é meu analgésico
E também o meu cobertor
que na madrugada encontro pra não sentir frio
Você é a rima da minha poesia
E mesmo quando escrevo em prosa
você ainda continua aqui
na ponta dos meus dedos
na minha mente
e claro, no meu coração.
É aqui que você mora
então vem depressa, não demora
me inspira com canções e poemas
que eu te beijo a calma
e faço da sua alma
minha pousada predileta.

As sílabas que são tuas

Talvez se um dia eu puder escrever o que você significa pra mim... Talvez eu escreva, nesse dia...
Eu escreva o texto mais lindo que eu puder.
E talvez, você leia, e um dia, pare pra ler cada palavra, e sinta que cada sílaba, eu escrevo pra você.
E aí então, poderá saber, que aquela única noite com você, foi capaz de inspirar todas as outras que sonhei com você...

Rabisque-me!

Desenha com teus lábios o contorno do meu corpo, que eu canto no teu ouvido a melodia que me provoca.
Distrai minha alma um pouco com um sorriso nesse teu olhar escondido, que eu te empresto um verso meu pra você me dar de presente em janeiro.
Rega as flores do meu jardim com a sua canção de véspera de inverno e me avisa quando a primavera chegar pra você. Quero caminhar e conseguir perpetuar na sua mente o perfume bom de uma felicidade que também estou a procura.

O dia em que esqueci você

... Horário de pico em São Paulo. Rua movimentada, carros e motos disputando quem chega mais rápido ao seu destino. Sons de um mundo onde tudo é pressa, momentâneo. Mas entre nós, um enorme abismo. Minutos de silêncio ecoando em nossas mentes eu não sei muito bem o que, mas que nos fazia bem, por apenas estarmos ali, um na frente do outro.
De repente você me puxa e me beija. Então percebo que talvez o mesmo destino que interfere nas marés e nos amores, estava interferindo ali entre nós também, fazendo com que meus lábios sentissem novamente seu gosto, dificultando ainda mais o meu propósito de finalmente te esquecer.

Porto inseguro

Sentimentos escondidos em textos
desviados pela desproporcionalidade do querer
um sabor que desejei não ter provado
onde estás que não mais o vejo?
onde procurarei o teu desejo?
Reencontros perdidos sob a luz do luar
encontros tristes sob o céu sem estrelas
despedidas com gosto amargo de dor
pra onde foi a minha amargura?
onde se escondeu a minha fúria?
Sem as marés de bons momentos
só me resta acreditar que voltarei
ainda que em um navio estrangeiro
pro lugar de onde fugi.

Vida e sobrevida

Silenciar a voz e conter um grito preso do peito
chorar com um sorriso na face
escrever quando tudo parece estúpido
ler quando aos poucos nada se enxerga
sentir quando não se quer
amar quando não se deseja
apaixonar quando não se almeja
Sentimentos fluentes como rios ao mar
palavras decorrentes de passado que ainda assombra
e textos lidos do presente que ainda sussurra
desordem em naturais preocupações da condição humana
muros que desencadeiam mágoas
paixões que se desmoronam em lágrimas!

Invada!

Invada o meu espaço e não me peça licença
me olhe com intenções
pois te desejo em realidade intensa...
Chegaste como um menino
um bom amigo, sem pretensões
e aos poucos roubando segredos
está bagunçando meus sonhos
e fazendo confusões.
O sol perde lugar quando você sorri
e nem todas as canções se comparam
quando sussurra ao meu ouvido
mesmo a distância
o meu apelido.
Sobre o que vai ser
deixa acontecer,
mas quero um sorriso nos lábios
e um olhar distraído
uma aventura no parque
com bons momentos vividos.

O encontro!



Naquele momento...eu quis o teu cheiro
e te sentir num abraço tímido...
eu quis me envolver,
e me mostrar com intenções a mais...
Eu quis te ouvir de perto
e quis te contar meus segredos
e te agradar com um olhar
e te reparar de lado sorrindo...
Eu quis apenas você...
com aquele sorriso inesquecível
que me confunde os sentidos
e me embriaga nos sonhos...
Eu quis beijar a sua boca
eu quis te amar como louca
eu quis apenas viver.
Eu quis você.
E ainda quero.

Desperta!

Quantos textos serão necessários
Quantas palavras ainda terei que escrever
Quantos olhares ainda terei que expressar
E quantos sorrisos ainda terei que elogiar?
Pra dizer que te quero
Que sonho algumas noites contigo
Que desejo beijar sua boca...
E um longo abraço no frio!
Antes que seja tarde
Antes que o ano termine
Antes que eu vá embora...
Olhe pra mim.

O beijo


Um toque suave na ponta dos dedos
na palma da mão
e quem sabe nos ombros.
de repente um afago..
a respiração passa a ser notada...
Os olhos se cruzam.
Ambos se procuram em busca de uma intimidade ainda desconhecida.
O som do coração é de fácil percepção agora...
Enquanto os corpos se aproximam, a alma se esconde...
e aos poucos se revela nos lábios quentes que desabrocham em plena primavera.
A boca se abre, os olhos se fecham, o tempo pára, o mundo não gira mais.
Já não existem pessoas, nem objetos...
tudo o que se vê é a própria mente envolta na sensação nostálgica de susto e alegria...
um sorriso no canto da alma se revela na breve felicidade que vai embora quando os olhos se abrem.
Mas volta, quando com paixão o olhar dispara uma gargalhada!

A carta que eu nunca entreguei

Me amaste por incompleto,mas quem nessa vida é completamente imperfeito?
Te amei tanto em infância,mas essa criança que ainda existe em mim,te quer do mesmo jeito que a mulher que insiste em me dizer que é preciso seguir em frente.
Estar com você era minha perfeição.Ficar sem você é a minha solidão embutida nesses versos tristes.
Eu sentiria saudade de você até meu último suspiro,eu desejaria que meu último beijo fosse seu,e que seu nome fosse a minha última palavra...porque você é o amor da minha vida,e mesmo que eu mascare com canções e poemas que falem de felicidade,eu só a terei por completo se um dia eu compartilhar com você os meus sonhos mais secretos.
E quando digo que as minhas melhores poesias serão suas,me refiro ao que meu coração jamais vai esquecer daqueles momentos que só nós dois sabemos,debaixo da lua,na grama da praça,ou sentados num banco discutindo sobre política.
Jamais meus pensamentos serão da mesma forma tão influenciados por outro amor,ou outra paixão,porque você ainda fará parte das minhas idéias mais ocultas e profundas,onde só o teu entendimento alcançaria.Meu amor seria sempre seu,porque somente a sua alma o alcança.Meus sonhos serão seus ,porque somente seus olhos penetram na minha alma.
Com amor,
A mulher da sua vida que acaba de desistir de você.

A saudade e a falta de sentir

Eu tenho saudade
de andar de mãos dadas
de tomar vinho numa noite enluarada
de dormir aconchegada
de sonhar acordada
e com um beijo ser despertada...
Tenho saudade de me calar
mesmo quando tenho palavras em meus lábios
Tenho saudade de conversar
mesmo quando os verbos fogem de mim.
Saudade de olhar nos olhos e me esconder
e de fechar os olhos pra me encontrar...
Saudade de me apaixonar
e de ficar com ciumes
e logo depois rir...
Saudade de aprender a amar
mesmo com defeitos, qualidades,
saudade de me entregar
como no mar se entrega o rio
Saudade de achar graça num sorriso
de entristecer com uma lágrima
e fazer com que o dia passe rápido
como um livro quando se vira a página...


Lembra de mim, ou não

Lembra de mim
como se fosse a primeira vez que nos vimos
com o sol clareando os teus olhos tão meus....
Lembra de mim
como se ainda andássemos de mãos dadas de encontro ao mar
pelas tardes quentes onde costumávamos nos amar...
Lembra de mim
como se ainda fossemos os mesmos diante do espelho
diante de nós mesmos ao luar
Lembra de mim....

Uma reflexão sobre o amor

Um dia desses vi uma reportagem que falava sobre um casal que estavam juntos há  70 anos e que  após todo esse tempo , realizaram o sonho de se casar oficialmente. Isso me fez refletir muito sobre as pessoas que me envolvo, os relacionamentos que vejo, e se existe mesmo o amor, com todo aquele recheio de Hollywood.
Sim, eu ainda acredito no amor. Não nesse amor de comédia romântica dos cinemas, ou de dramas mexicanos.
Acredito no dia a dia, lado a lado, como nas canções que ouço. No amor que faz a gente sorrir enquanto lava a louça do jantar das piadas sem graça do outro. Acredito no amor que nos inspira textos e atitudes, e mais que um coração acelerado, o amor é uma escolha.
Percebi que durante uma vida, aquele casal simples, humilde, teve que lidar com situações que pudessem talvez, separar um do outro, causar mágoas e decepções. E talvez o erro de muitos relacionamentos que acabam, não seja a ausência de problemas, mas sim a falta de paciência para resolvê-los, o desgaste, a velha rotina, que pode ser destrutiva.
Enquanto a repórter os entrevistava, a esposa fazia carinho no rosto do amado, contemplando todas as marcas, sinais do tempo, que carregavam também os momentos que passaram juntos. A beleza havia acabado, mas só a do corpo. Ele, mais velho, dizia com dificuldade que ela é, e sempre foi muito linda, e que hoje é muito mais apaixonado por ela do que quando se conheceram. Eu fiquei me perguntando se quando mais jovens, brigavam por qualquer motivo, se ofendiam, ou se traíram. E por mais clichê que me pareceu, eles experimentaram de fato, um amor verdadeiro. Se houve infidelidade, também houve perdão. Se houve dificuldade financeira, houve companheirismo. Se houve perdas , compartilharam lágrimas, assim como tantos sorrisos ao longo de sua vida, porém sempre juntos.
Escolheram andar de mãos dadas por caminhos nem sempre planos. Viram um no outro a possibilidade de noites de prazer, sexo, paixão, mas também de cuidado, amizade, longas conversas sobre o filho que não puderam ter ou como lidar com o ciúme do vizinho que morava em frente. Eles souberam construir pontes para atravessar cada obstáculo.
Hoje, o imediato e a incompatibilidade de gênios me assusta. O 'pra sempre' deixou de existir por causa da colega de trabalho gostosa, ou pela falta de roupa de grife no armário. A maioria dos casais que conheço parece desconhecer os valores que o amor necessita para ser vivido. Claro que na televisão o final feliz sempre acontece, pois as dificuldades passam dentro de uma hora. Na realidade, a duração pode ser de uma vida inteira, e cabe a cada um escolher entre uma noite de acaso ou mil meses de amor.

Despedida

Nos encontraremos daqui um tempo, ainda não sei quando...Mas pela última vez irei me entregar por inteira e num instante de desespero direi o quanto te amo.
Me deitarei ao teu lado e olharei pro alto, ouvirei tua voz doce e como se pela ultima vez fosse apreciarei o teu palco.
Dormirei sentindo seu cheiro e quando acordar falarei silenciosamente o quanto minha alma ansiosamente se desfez ao acordar com o pesadelo de sentir pela ultima vez um abraço e um derradeiro beijo.

No segundo errado

Quem dera se tu tivesses chegado antes dos ventos impetuosos
dos desamores e dúvidas das esperanças perdidas dos anos de espera em vão.
Quem dera se tivesses me conhecido antes de choros dolorosos
de alegrias transformadas em ruínas de sorrisos esbarrados em quinas de um dilacerado coração.

Ao amor que ainda não conheço

Quando vier não bata a porta, entre, bagunce pensamentos e cause risos e inquietação. Não demore quando for à padaria...os sonhos podem esfriar e eu posso começar a sentir saudade.Me abrace assim que puder, pra que eu não sinta frio, mas me dê espaço para respirar.
Faça com que eu perca o fôlego. Me beije os lábios com fervor de quem degusta chocolate suíço. Me ame como se fosse a nossa primeira vez, que não tenhamos tão cedo a última.Não me cobre o que você não pode me dar. Não me cobre aquilo que eu não consigo dar. Não se cobre por não ser perfeito, alás, seja cheio de imperfeições porque é assim que vou aprender a te amar.
Quando chegar, não me avise, me surpreenda, me conquiste, me faça acreditar que você é real e que vale a pena ainda amar.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Eu desisto

Não por mim
ou por você
Mas pelas lágrimas que eu não quero derramar...
Não pela dúvida
nem pelo querer
Mas pela dor que eu não quero encarar...
Eu desisto pelo amanhecer vazio
Pelo olhar de pura conquista
Pelo calor e pelo pranto
Que cairão sobre a minha face!
Eu desisto por amor a ti
E não persisto pelo amor guardado.
Eu desisto pelo abraço e pelo beijo
Que ainda pode ser roubado!
Eu desisto pelas folhas que ainda vão cair
e pelas flores que ainda vou colher!
Eu desisto pelo mar de doçura
e pela doce selvageria dos teus lábios!
Eu desisto por querer-te tanto
A ponto de poder te esperar!
Eu desisto por te querer bem perto
Eu desisto por não poder desistir de te amar!