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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

As cartas que nunca entreguei I

Não sei se posso ainda te chamar de meu amor, pois tenho dúvidas se você foi mesmo meu, um dia. Mas posso escrever algumas palavras (não muitas por causa dos meus dias corridos) que discretamente me remetem a você, já que hoje é seu aniversário.
Senti saudade quando tudo acabou. Por dias, meses, sentia que metade de mim ficou com você quando vim embora. Sentia que minhas lágrimas já não eram suficientes para jogar para fora toda a tristeza que estava dentro de mim. Meus olhos, mergulhados numa profunda melancolia não eram mais capazes de enxergar a vida com o mesmo colorido que eu via antes de ter amado você.
Eu podia jurar que ficaríamos juntos até a morte. Que nos amaríamos a cada nascer do sol e nos esperaríamos anciosos até o fim do trabalho para contar como foi o dia sob nossas perspectivas. Eu amava tudo em você. Seus olhos pequenos, sua boca desenhada. Amava, inclusive, seus defeitos. E até aquela sua mania de deixar a TV ligada enquanto tomava banho.
Você ainda lembra da minha cor favorita? Você ainda lembra da minha canção preferida?
Te contei as cores, as flores e todas as minhas dores embutidas em notas musicais que você conseguia amenizar quando tocava seu violão e cantava pra mim.
Você me presenteou com uma orquídea lilás, e com a sua ausência. Na despedida, pedi que cuidasse dela por mim, e você disse:
- Só até você voltar.
Me deu o último beijo, e desde então nunca mais nos vimos.
A flor murchou e morreu, assim como o nosso amor, mas a lembrança da lua clareando seus olhos, ainda não morreu.

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