Translate

domingo, 23 de agosto de 2015

Sobre amores que arrematam os nós

Liberdade é uma palavra ampla. Linda, por sinal. Mas tentar dar sinônimos pode ser um pouco complexo, já que definindo, damos limites. E talvez esse seja um erro bastante corriqueiro e um tanto quanto imperceptível também.
Quando nos apaixonamos, somos ensinados desde a infância de chamar o outro de "meu" .
Meu amor, meu anjo, meu namorado, meu.
Mas será que sabemos mesmo o limite que o outro precisa?
Relacionamentos sufocados por ciúme desenfreado morrem antes que os sonhos despertem em madrugadas.
Faz com que beijos e abraços se tornem obrigação, e não mais prazer, como era no início da paixão.
Amores que dão certo são os que desatam os nós e deixa a liberdade por si só ser definida através do sentimento, e não os que arrematam com angústia e palpitação as amarras doentias que alguns chamam de amor.

O primeiro beijo

A gente sentou num banquinho,
E a lua estava tão próxima que parecia estar ali só por nossa causa.
Iluminava tudo, pude ver ele se aproximar Enquanto fechava aos poucos os meus olhos e esperava o toque dele nos meus lábios
Quando me beijou, o tempo parou, pelo menos pra nós, sabe?
Era como se estivéssemos sozinhos no espaço do tempo, sem pressa alguma de viver fora daquele instante.

Se apega!

Não se apega não. 
Uma frase bem conhecida por mim e por vários amigos meus, principalmente quando comento que estou conhecendo alguém para me relacionar. Confesso que nunca entendi essa coisa de "lei do desapego" que tem sido lema de vida de tantas pessoas.
Conhecer alguém envolve sentimentos, ainda que imaturos, a não ser que você queira apenas curtir o momento e não sofre por isso.
A maior parte dos relacionamentos começam com grandes expectativas, que em geral nem nós mesmas conseguiríamos superar. Alguns buscam prazer momentâneo ou ainda querem se afastar da solidão. Mas o lance é que quando um não quer, dois não brigam, não amam e muito menos se relacionam. Assim como tudo na vida se relacionar com alguém implica querer e buscar o mesmo objetivo, sem pressa, curtindo cada olhar como se fosse o primeiro.
Claro que já me decepcionei com pessoas que não me corresponderam e sim, foi muito dolorido. Mas eu não sei ser de outra forma a não ser intensa. Me apego sim. E isso significa que me importo com quem está me conhecendo.
De fato possuo cicatrizes, mas quando olho pro passado vejo que as experiências, até as mais ruins, me deixaram madura o suficiente para me apegar sem frescura e se preciso for, desapegar sem tortura.

Escravidão

Começamos a estudar ainda crianças. Somos inseridos no sistema capitalista e aprendemos que o lucro não é vergonhoso só porque explora o outro. Aprendemos a fazer as contas de acordo com os nossos próprios interesses, portanto, a divisão de dois pães para duas pessoas é igual a uma pessoa totalmente saciada e a outra com fome. E tudo bem, a vida é desse jeito mesmo. Dizem...
Ao terminar o Ensino Médio vemos o filho do rico comprar guias do estudante para fazer testes e ver o que quer ser quando crescer e o filho do pobre, se já não abandonou o curso por precisar se dedicar ao trabalho, pensar na possibilidade de uma vida melhor, porque é o que dizem, fazer uma faculdade é ter a possibilidade de uma vida melhor, só esquecem de dizer pra quem é melhor.
Mas ainda assim, quando por milagre, sorte, meritocracia -falácia- algum aluno de classe baixa consegue entrar numa universidade ele se depara com algumas escolhas.
Se dedicar inteiramente aos estudos e passar necessidades porque com a ajuda do governo mal dá pra comer, ou então, se desdobrar entre trabalho e estudo, rotina muitas vezes cansativa que sobrecarregam o indivíduo.
Então vem trabalho. Namoro. Casamento. Filhos. Não necessariamente nessa ordem. Responsabilidades.
Trabalho, pseudo escravo. Mas espera, escravidão já não foi abolida lá com a Princesa Isabel?
Nascemos escravos! O sistema capitalista nos aprisiona na gaiola do consumismo e aqueles que estão dentro, acham estranho quem voa.
Nascemos escravos de uma sociedade racista, preconceituosa, machista, homofóbica, que além de impôr regras ainda querem nos fazer pensar que tudo isso é normal, que a vida é assim.
Nascemos escravos de amarras que é preciso conhecimento e persistência para nos libertar.
Nascemos escravos onde a lei que nos rege diz:
Se vira! O mundo gira e o vacilão roda!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sobre namoro e felicidade.

Namore alguém que tome café com você enquanto desabafa seus problemas mais mesquinhos, ou seus segredos mais inaceitáveis com paciência e carinho.
Namore alguém que divida um pedaço de bolo de festa com você, e que roube brigadeiros da mesa só pra te fazer rir das crianças que agora tem ele como herói.
Namore alguém que não precise de um status em rede social pra se auto afirmar como seu namorado. E que te mande recados via in box mesmo, porque é só você que precisa saber que ele te ama. Mas se quiser que todos saibam, comece pela sua casa, mostre como o amor tem mudado a sua vida em atitudes, porque palavras ainda são só letras combinadas.
Namore alguém que goste da sua companhia. Da sua voz. Do seu talento, seja ele qual for. E que incentive seu sucesso e te deixe sempre livre para ir onde quiser, porque sabe que é pro abraço dele que você sempre volta.
Namore alguém que esteja sempre por perto, ainda que distante fisicamente. E que não exista obstáculos suficiente para tudo simplesmente evaporar, ao invés disso, é preciso ter saudade o bastante para querer estar junto.
Namore alguém que te leve pra tomar sorvete. Que pegue na sua mão sem se importar se isso é um tanto quanto démodé, e que te cause calafrios quando ligar.
Namore alguém que perceba que o amor é um sentimento em construção. Namore alguém que demore o tempo suficiente pra dizer que te ama. Suficiente o bastante pra perceber que é verdadeiro. E que não fale somente pra te levar mais fácil pra cama.
Mas se preferir, não namore.
Não rotule seus sentimentos. Ainda que você queira, e muito, desejar um 'Feliz dia dos Namorados' , entenda que um abraço pode valer muito mais do que apenas uma data comercial.
Acima de tudo, ame, à princípio, você mesmo, se complete, se queira bem, para depois poder compartilhar seus pedaços de bolo sem medo de se sujar com o glacê, porque pra um relacionamento dar certo, é preciso se lambuzar de coragem e de muito amor. 

Não precisa mudar.

Você não precisaria buscar a lua ou as estrelas e me trazer sorrindo, era só me fazer sorrir dizendo que não poderíamos apontar o céu senão não teríamos sorte na vida, ou qualquer outra superstição em que você acreditasse. 
Não precisaria ler o horóscopo do meu signo diariamente para saber como seria meu dia, poderia apenas me ligar que mesmo com tantas dificuldades, só por ter ouvido a sua voz já seria o suficiente pra torná-lo bom.
Você não teria que me levar a restaurantes caros, eu me satisfaria comendo um sanduíche feito por nós dois num sábado chuvoso. 
Não precisaria me dedicar uma serenata de amor com direito a rosas vermelhas e canções que marcaram nossas vidas, eu ficaria feliz ouvindo essas canções com você pelo celular enquanto nos beijamos no sofá.

O ruivo

O moço da barba ruiva
tinha os olhos que transmitiam luz
boca que parecia cereja
madura, pronta para colher.
Naquele dia o céu estava cinza
e uma chuva fria caía sem pressa
e eu naquela fila só pensava
no sabor que tinha aqueles lábios.
Quando sorriu o sol saiu dentre as nuvens
e veio aquecer num suspiro
o pensamento que me ocorreu tão breve
'Jamais vou rever aqueles olhos'
E desde então o procuro nos meus sonhos
que é de onde ele jamais saiu.

Fragmentos 1

Aquela noite era fria e nós, sentados num banco qualquer de uma praça, admirávamos a lua que fazia questão de se exibir para nós. Imponente no céu, clareava o universo que até então era nosso. Via a tua face e teu sorriso me convencia de que a eternidade cabia em nossos corpos, quando eram um.
Hoje, observo no céu a mesma lua e perco o rumo de onde fica a sua constelação preferida, porque você se foi e levou contigo, metade da eternidade que planejei para mim.

As cartas que nunca entreguei I

Não sei se posso ainda te chamar de meu amor, pois tenho dúvidas se você foi mesmo meu, um dia. Mas posso escrever algumas palavras (não muitas por causa dos meus dias corridos) que discretamente me remetem a você, já que hoje é seu aniversário.
Senti saudade quando tudo acabou. Por dias, meses, sentia que metade de mim ficou com você quando vim embora. Sentia que minhas lágrimas já não eram suficientes para jogar para fora toda a tristeza que estava dentro de mim. Meus olhos, mergulhados numa profunda melancolia não eram mais capazes de enxergar a vida com o mesmo colorido que eu via antes de ter amado você.
Eu podia jurar que ficaríamos juntos até a morte. Que nos amaríamos a cada nascer do sol e nos esperaríamos anciosos até o fim do trabalho para contar como foi o dia sob nossas perspectivas. Eu amava tudo em você. Seus olhos pequenos, sua boca desenhada. Amava, inclusive, seus defeitos. E até aquela sua mania de deixar a TV ligada enquanto tomava banho.
Você ainda lembra da minha cor favorita? Você ainda lembra da minha canção preferida?
Te contei as cores, as flores e todas as minhas dores embutidas em notas musicais que você conseguia amenizar quando tocava seu violão e cantava pra mim.
Você me presenteou com uma orquídea lilás, e com a sua ausência. Na despedida, pedi que cuidasse dela por mim, e você disse:
- Só até você voltar.
Me deu o último beijo, e desde então nunca mais nos vimos.
A flor murchou e morreu, assim como o nosso amor, mas a lembrança da lua clareando seus olhos, ainda não morreu.

Sobre amores de domingo que se vão na segunda feira.

Domingo é dia calmo. Dia de almoçar tarde e pecar de preguiça depois na rede. É dia de sorvete com brigadeiro, de macarrão com molho e de programas de tv que exibe sensacionalismo pra obter audiência enquanto as pessoas nem prestam atenção no que se é dito.
Domingo é aquela preguiça seguida de um sono breve porém intenso, desses que a gente acorda e não sabe se já é outro dia.
Domingo é a certeza de que todo fim tem um lado bom, por mais sacrificante que venha a ser a segunda feira. Enquanto tentamos aproveitar cada minuto dos nossos domingos, pedimos a Deus para que a segunda, enfim, termine logo.
E sabe porque muitas vezes pedimos isso?
Porque segunda feira representa realidade.
Começo de luta, de rotina. E claro, que muitos amores que passam pela nossa vida não resistem à tanto.
Porém se o casal quer ter uma vida em comum, precisa, além de uma rede pra deitar aos domingos despreocupados com horário, saber que pela manhã, na segunda feira, existe uma longa estrada que espera por eles, e essa estrada muitas vezes é cheia de obstáculos, de buracos, curvas acentuadas e retas cansativas. O que precisa, é, acima de tudo, haver certa cumplicidade com o que se tem. Amor vem com o tempo. Vem com construção de pontes sobre orgulho. Sem atalhos de infidelidade. Sem indiferença nas retas. Amor vem com freios nas curvas que são perigosas. Amor vem com tempo que se gasta compreendendo o outro, sem deixar de pensar em si, porque não é preciso cobrar compreensão do outro.
Amor é escolha pra semana inteira. De domingos de paz à segunda de guerra, de sábados de festa à terça de rotina.

Poema da sua falta

Dos amores que vivi
Tu fostes o mais breve
O mais insano e de repente
O mais triste também.
Te amei por completo
E intensa que fui
Abracei tua alma
E perdi a minha na escuridão
Da nossa despedida.

Sobre amores que arrematam os nós

Liberdade é uma palavra ampla. Linda, por sinal. Mas tentar dar sinônimos pode ser um pouco complexo, já que definindo, damos limites. E talvez esse seja um erro bastante corriqueiro e um tanto quanto imperceptível também.
Quando nos apaixonamos, somos ensinados desde a infância de chamar o outro de "meu" .
Meu amor, meu anjo, meu namorado, meu.
Mas será que sabemos mesmo o limite que o outro precisa?
Relacionamentos sufocados por ciúme desenfreado morrem antes que os sonhos despertem em madrugadas.
Faz com que beijos e abraços se tornem obrigação, e não mais prazer, como era no início da paixão.
Amores que dão certo são os que desatam os nós e deixa a liberdade por si só ser definida através do sentimento, e não os que arrematam com angústia e palpitação as amarras doentias que alguns chamam de amor.