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sábado, 8 de outubro de 2016

Nas tuas primaveras contadas
De todas as completas,
Em algumas estive presente
Mas a minha poesia
Esqueceu-se inteiramente
Dos teus olhos quase invisíveis
Na madrugada, sob o luar.
Agora que o teu cheiro
Não mais me alcança
Ao contrário, me repele...
Tua primavera está viva
Mas as flores que colhemos juntos
e que eu formei um buquê de ilusão
Murcharam por falta de amor
Morreram pra enfeitar nosso fim.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A fábula da fonte


       Era uma vez, num lugarzinho no meio do nada, com sabor de marolo e cheiro de café, uma cidadezinha que, em pleno século XXI, ainda vivia a política café com leite.Anos e anos, os donos do poder se revezavam entre si, pois, se alguém com a mente aberta entrasse, estragaria seus planos maquiavélicos que tinham para aquela população que se achava esperta, mas no fundo, eram feitos de palhaços por eles.
Dizem alguns loucos que, mais palhaças ainda, eram as pessoas que defendiam esses donos do poder fielmente, como cães de guarda, para livrarem o seu dono de todo mal ( críticas) que um ou outro fizesse.
No ano em que a democracia no país foi morta a golpe, aconteceu  mais uma eleição que decidiria o futuro daquela cidadezinha nos próximos 4 anos.Nesse tempo, o senhor vovôzinho, que já era o reizinho daquele povo, maqueou bastante a cidade. Limpou praças e colocou corrimão nas escadas, plantou graminhas em todos os lugares possíveis, pintou o meio fio das calçadas, terminou de implantar estacionamento de carros onde havia lindos Ypês amarelos e outras arvorezínhas numa avenida, comprou remédios básicos para a população pobre adquirir na farmacinha que também foi reformada, entre muitas outras bondades (dizem, sem o menos interesse) feitas para aquela população. Até lombadas ele distribuiu ao longo da cidade inteira da noite para o dia!
A saúde, no entanto, ainda precisava de atenção. A educação, infelizmente também foi negligenciada. A segurança então? A sorte de muitos é terem um cachorro grandão pra afastar as pessoas más de suas casas.
Mas havia uma fonte. Ah, aquela fonte tão bela, porém esquecida, ali no meio da praça principal daquele lugarejo. Anos de ouro eram os que aquela fonte funcionava. Luzes coloridas, jatos de água fazendo um show particular para as pessoas. Triste não tê-la mais para enfeitar a realidade monótona daquela cidadezinha. Não tinha cinema, o teatro era para a nata, no festival de música  que  aconteciam lá, os participantes nativos nunca tinham vez. A fruta típica daquele lugar tinha até uma festa, reconhecida pela redondeza, mas pela pequenez da mente dos donos do poder, nunca foi inovada. O povo não tinha voz, nem barriga, nem mente. Mas tinha bota e chapéu para ir pra festa de rodeio.
Voltamos a fonte. Veio uma ideia...Maravilhosa ideia! Vamos reformar a fonte! Vamos devolver o luxo à cidade! Vamos dar aquele sentimento de glória para o povo!
Então o senhor vovôzinho, mesmo com o orçamento super apertado (como ele mesmo divulgava) realizou um verdadeiro milagre ao fazer brotar um dinheiro nos 45' do segundo tempo e...Voilá! Lá está a fonte linda, cheia de cores, com seus jatos de água dando um show para o público que participava do circo como espectador e palhaço!
Muito bem. Mais uma vez o revezamento foi tão eficaz que já pode participar das provas da olimpíadas daqui 4 anos.
O melhor foi a comemoração. Ver o senhor vovôzinho dançar funk de sua campanha em cima de uma caminhonete com seus queridos amigos eleitores, não teve preço. Sinto que nasci pra ver isso.
Olhar para o lado e ver os jovens brigando, arrumando confusões segundos depois do senhor vovôzinho ter descido da caminhonete para distribuir carinhos e carícias, nem o cartão de crédito do Bill Gates paga. Pois a zoeira, essa não tem limites mesmo.
Fim.