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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Sobre demonstração de afeto e redes sociais:


Já se passaram quase um mês desde o dia dos namorados, e naquela semana de junho tudo o que eu via na minha linha do tempo no Facebook era fotografias de casais e textos que, quase simultaneamente diziam: “Olhem para nós, vejam o quanto estamos felizes em ter encontrado o amor verdadeiro em menos de um mês” ou ainda “Veja como ele (a) me ama, ganhei um perfume caríssimo e quero dividir com vocês” ou “ Tá vendo o que você perdeu? Finalmente encontrei alguém que me ama”. Ok, por ser dia dos namorados, eu até pensei em relevar as circunstâncias e acreditar que aquela tonelada de felicidade imposta a qualquer custo seria mesmo verdadeira. Mas desde então comecei a observar mais alguns casais.
Eu sempre desconfiei muito de pessoas que começam a namorar e com 15 dias de relacionamento já postam que amam ou que não vivem sem, enfim... Eu gostaria muito de acreditar em amor à primeira vista, mas sou cética demais pra isso. 
Acredito no amor que se revela com o tempo e com atitudes. Postar fotos com o parceiro com uma legenda retirada de um site de poesia da internet é muito fácil. Difícil mesmo é amar na segunda-feira depois do trabalho, do cansaço, da falta de paciência, pois ainda faltam quatro dias pra sexta-feira e a gente já está cansada.
Isso leva tempo viu? 
Não digo, no entanto, que o amor sentido com um mês de relacionamento seja falso, mas não vejo maturidade, pois para mim o amor é como uma criança que não sabe exatamente o que faz, mas conforme o tempo vai passando, ela se torna adulta o suficiente pra arcar com a consequência dos seus atos. E aí, quando uma criança não sabe o que fazer diante de uma situação típica de adulto o que acontece são relacionamentos frustrados, os chamados amores líquidos, pois não estão fundamentados em coisas reais, mas nas ilusões que a paixão oferece.
Não acredito que o maior problema hoje, nesse universo de relacionamentos seja postagem de fotos ou os chamados textões que postamos para demonstrar afeto. Até porque tudo na medida certa funciona como um alimento para o amor, afinal quem ama demonstra, certo? A questão está quando essa demonstração se torna a única de afeto entre os casais.
Nas redes sociais, fotos de perfil do casal, inúmeras declarações que a gente vê e chega a se perguntar como conseguem uma vida tão perfeita quanto a que demonstram em casa, porém na vida real, os dois estão cada um numa ponta de sofá sem conversar, com o olhar fixo no celular, procurando preencher o vazio que o relacionamento deixa enquanto a vida passa, e passa depressa. Se vão a um lugar novo, não admiram a paisagem ou sentem abraçados o vento passar pelos poros, contudo, a câmera do celular está a todo momento à procura do melhor ângulo pra uma foto bonita que vai gerar muitos likes e... Bom, o ciclo é vicioso. 
Meu intuito nesse texto não é condenar, portanto, as redes sociais e as demonstrações de amor que nelas são postadas todos os dias, ou em ocasiões especiais, mas alertar para a conscientização de que o melhor da vida, por mais clichê que pareça, a gente realmente faz em off, e para que isso aconteça, esquecer que existe internet no momento que estamos com quem amamos é fundamental.