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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Uma reflexão sobre o amor

Um dia desses vi uma reportagem que falava sobre um casal que estavam juntos há  70 anos e que  após todo esse tempo , realizaram o sonho de se casar oficialmente. Isso me fez refletir muito sobre as pessoas que me envolvo, os relacionamentos que vejo, e se existe mesmo o amor, com todo aquele recheio de Hollywood.
Sim, eu ainda acredito no amor. Não nesse amor de comédia romântica dos cinemas, ou de dramas mexicanos.
Acredito no dia a dia, lado a lado, como nas canções que ouço. No amor que faz a gente sorrir enquanto lava a louça do jantar das piadas sem graça do outro. Acredito no amor que nos inspira textos e atitudes, e mais que um coração acelerado, o amor é uma escolha.
Percebi que durante uma vida, aquele casal simples, humilde, teve que lidar com situações que pudessem talvez, separar um do outro, causar mágoas e decepções. E talvez o erro de muitos relacionamentos que acabam, não seja a ausência de problemas, mas sim a falta de paciência para resolvê-los, o desgaste, a velha rotina, que pode ser destrutiva.
Enquanto a repórter os entrevistava, a esposa fazia carinho no rosto do amado, contemplando todas as marcas, sinais do tempo, que carregavam também os momentos que passaram juntos. A beleza havia acabado, mas só a do corpo. Ele, mais velho, dizia com dificuldade que ela é, e sempre foi muito linda, e que hoje é muito mais apaixonado por ela do que quando se conheceram. Eu fiquei me perguntando se quando mais jovens, brigavam por qualquer motivo, se ofendiam, ou se traíram. E por mais clichê que me pareceu, eles experimentaram de fato, um amor verdadeiro. Se houve infidelidade, também houve perdão. Se houve dificuldade financeira, houve companheirismo. Se houve perdas , compartilharam lágrimas, assim como tantos sorrisos ao longo de sua vida, porém sempre juntos.
Escolheram andar de mãos dadas por caminhos nem sempre planos. Viram um no outro a possibilidade de noites de prazer, sexo, paixão, mas também de cuidado, amizade, longas conversas sobre o filho que não puderam ter ou como lidar com o ciúme do vizinho que morava em frente. Eles souberam construir pontes para atravessar cada obstáculo.
Hoje, o imediato e a incompatibilidade de gênios me assusta. O 'pra sempre' deixou de existir por causa da colega de trabalho gostosa, ou pela falta de roupa de grife no armário. A maioria dos casais que conheço parece desconhecer os valores que o amor necessita para ser vivido. Claro que na televisão o final feliz sempre acontece, pois as dificuldades passam dentro de uma hora. Na realidade, a duração pode ser de uma vida inteira, e cabe a cada um escolher entre uma noite de acaso ou mil meses de amor.

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