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sábado, 4 de abril de 2015

Conto do mês de abril

(...)Estava frio naquela tarde de abril e eu não costumo carregar guarda chuva comigo, e no meio do temporal, vi de longe um antigo colega de escola que há muito tempo não via ou conversava. Gentilmente ele me convidou para me abrigar no seu carro e eu, sem pensar duas vezes, aceitei.
Apesar do frio, entrei no carro com o decote molhado e não me incomodei à princípio. Mas quando cada gota começou a arrepiar cada centímetro do meu colo, percebi que algo estava errado, eu não estava prestando atenção no frio, mas no olhar dele.Ele fixou os olhos no meu decote, olhar de quem está sedento, faminto em saciar um desejo que estava há muito tempo contido. Pediu pra me secar, mas sem toalhas por perto, tirou a própria blusa para que, segundo ele,  eu não pegasse uma gripe daquelas...
Esqueci o temporal que estava caindo lá fora e comecei a reparar o quanto ele havia se tornado atraente. Como eu nunca havia reparado naquela boca? Ou no peito que me convidava a deitar e viver tudo que eu tinha vontade?
De fato, ele deve ter pensado a mesma coisa enquanto me ajudava com minhas roupas molhadas ao perceber que não eram somente minha pele que estava úmida. Eu queimava de desejo, e ele sabia disso enquanto me provocava encostando os lábios de leve no meu pescoço. Quando encarou meus lábios e eu comecei a sentir seu hálito quente, percebi que a chuva seria testemunha de uma explosão que estava marcada pra acontecer naquela hora. 
Nos segundos que antecederam ao nosso primeiro beijo, vi que em volta do carro estava tão escuro e que a rua era tão deserta que nós poderíamos nos entregar ali mesmo sem correr riscos de represália. E nos entregamos, pouco a pouco, intensamente e com toda calma que o nosso momento pedia. 
Tocou meu rosto e encostou os lábios nos meus, me beijou como se aquele beijo fosse a coisa mais importante que aconteceria na vida dele nos próximos anos.Me abraçou como se nunca mais quisesse me deixar ir embora. Enquanto me beijava lentamente, segurava minha nuca e mexia no meu corpo como alguém que mexe num cofre para descobrir os segredos. Descobriu os pontos que me deixavam vulnerável, e aproveitou para se tornar alvo das minhas melhores lembranças.
Tocou meus seios, beijou-os inteiros e sem pudor, beijou todo o resto do meu corpo. Me fez perder o fôlego e recompor várias vezes, e parecia que ele realmente me queria daquela forma, louca, quase insana, para retribuir da mesma forma o prazer que ele me dera.
E eu retribui. Com a mesma vontade de quem degusta um chocolate suíço, com a mesma intensidade de quem sente no toque a pele queimar de desejo e não quer esfriar. Pulamos para o banco de trás do carro, e ele me fez cavalgar em seu colo e saciar o meu fetiche contido. Tudo era tão proibido, e tão errado, que eu mal sabia ao certo quem eu era ali naquele momento. Ele sugava meu néctar pelos poros enquanto nos movimentávamos numa sincronia perfeita. Parecia que ele queria marcar minha pele de tanto que a mordia, como um lobo voraz me devorava, apertando minha cintura para baixo, em busca de mais contato íntimo. Não contive os gemidos, nem os sussurros enquanto me me segurava com força. Ele também não se conteve, e juntos, chegamos ao ápice do prazer. 
Depois de nos descobrirmos como homem e mulher, cobrimos nossos corpos que já estavam nus com nosso calor e nos demos conta de que já era noite e a chuva havia cessado.
Agora ele havia se tornado parte da minha vida. Instante inesquecível da minha história.
Nos despedimos e com muita gentileza, me deixou em casa, combinamos de marcar um outro encontro, mas assim como o destino o colocou ali para me abrigar da chuva, nunca mais me abriguei nos braços daquele homem.

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