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quarta-feira, 23 de março de 2016

Já era madrugada quando resolvi desligar a TV. As imagens me serviam de luz e o som um inútil disfarce para a solidão. O quarto ficou escuro, sem vida. Eu respirava, mas a sensação de perda era bem maior que a minha vontade de inspirar. 
Senti um vento forte entrar por uma fresta na janela, fui até a beirada da cama para tentar, sem sucesso, fechar o vidro, a alma e meus olhos para o mundo. Levantei por obrigação e chegando até a janela percebi que lá embaixo, na rua, havia um casal se despedindo. Observei os abraços e beijos que demorados que trocavam. Pude até sentir, por um instante, os suspiros de amor que estavam no ar.
Lembrei dos teus olhos, no pôr-do-sol, marejados de tristeza. Recordei também que na nossa despedida não houve beijos ou abraços, ou sequer alguma demonstração de afeto, não era um 'até amanhã', foi um 'adeus'.

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